Os norte-americanos usam uma expressão muito interessante para se referir às pessoas que alcançam o status de referência em suas áreas de atuação:

“Thought Leader”

A tradução ao pé da letra é praticamente impossível. Seria algo como “líder de pensamento”, o que não faz muito sentido.

Tornar-se um Though Leader é a aspiração máxima de profissionais de diversas áreas, pois significa que você foi elevado à última potência no quesito competência em seu campo de atuação.

É como se você fosse uma lâmpada iluminada que brilha mais que as outras, tipo esta aqui em cima.

Quando você é um Thought Leader, o mercado em geral, e inclusive concorrentes, o reconhecem como sendo uma super referência, alguém a ser respeitado, consultado e até mesmo reverenciado.

Em certos casos, dependendo da força de sua autoridade, você se torna praticamente um sinônimo daquele mercado, sendo o primeiro nome a ser lembrado quando se fala de sua área de especialidade.

Por exemplo, no Brasil, durante muitos anos, quando se falava em cirurgia plástica, o primeiro nome que vinha à cabeça era o do Dr. Ivo Pitangy. Talvez você não tenha ouvido falar dele, pois está bem idoso, mas uma rápida pesquisa no Google vai te deixar imediatamente com a percepção de que se trata de um dos melhores do mundo em sua especialidade.

Também mundialmente, quando se fala em inteligência emocional, o nome que surge é o de Daniel Goleman, autor de diversos livros sobre o assunto, e praticamente o “pai” desta expressão.

Já na psicanálise contemporânea, o italiano Contardo Calligaris, que vive em São Paulo e atende na região dos jardins, é o exemplo perfeito.

Uma outra forma de entender o que é um Thought Leader é esta: Quando um jornalista deseja consultar alguém para saber sobre um determinado assunto, a fonte que ele consulta é o tal do Thought Leader

Em outras palavras, quando você é um Thought Leader, você é “o cara”.

E isso é muito bom para sua imagem.

Tornando-se uma Autoridade

Já que não existe uma expressão exata que traduza o termo Thought Leader para o português, vamos usar a palavra AUTORIDADE com o mesmo efeito.

E ser uma autoridade, perceba, é muito mais do que ser apenas um “expert”.

  • “Experts” são pessoas que podem ter muito conhecimento e experiência sobre um assunto, mas ainda assim são totalmente desconhecidas.
  • “Autoridades” são especialistas que têm, claramente, um público que os reconhece e os respeita como tal.

De certa forma, uma autoridade é um expert com fama.

Um expert pode até entender muito de sua especialidade e acompanhar as últimas tendências. Mas quando você é uma autoridade, a coisa vai além.

Uma autoridade cria tendências.

O que você diz  passa a ser considerado verdade em sua área. E isso te dá um poder de influência enorme sobre seu público alvo.

É este poder que você deve usar com ética e seriedade, para conseguir conquistar não só o respeito, mas também o coração daqueles a quem você quer ajudar com seus serviços.

Então vamos ver três passos que podem te ajudar a começar a construção de sua autoridade:

1 – Não Tenha um Rótulo, Tenha uma Missão

Se você ler o que está escrito ao lado da minha foto, no final deste artigo, vai ver que lá eu não me descrevo como “eu sou isso ou aquilo”. Meu objetivo é deixar claro o que eu faço. Em outras palavras: a minha missão.

Nós geralmente gostamos de dar rótulos às pessoas, porque assim fica mais fácil entendê-las. Quando existe um rótulo, podemos categorizá-las em nossas “gavetas mentais” encaixando-as segundo a percepção que temos do rótulo.

Se eu disser que sou um padeiro, por exemplo, você vai me associar à uma classe. Mas se eu disser que sou um desembargador, a associação é completamente diferente.

E claro, se eu me posicionar como “psicólogo” você vai saber que trabalho com gente louca e desestabilizada.

Entendeu?

O problema em ter apenas um rótulo é que as pessoas automaticamente te inserem num sistema de categorização social que pode levá-las a tirar conclusões completamente erradas sobre o que você faz. Não estou dizendo pra deixar de dizer que é psicólogo. E sim para não resumir sua identificação a este título.

Em toda a sua comunicação, seja em seu site, vídeos, ou mesmo em sua fala cotidiana, você precisa deixar clara sua missão. Em outras palavras, é preciso explicitar qual o VALOR que você entrega.

Quando as pessoas entrarem em contato com você, elas precisam perceber o que você se propõe a melhorar na vida delas, e não apenas te categorizar dentro das ideias pré-concebidas que elas têm a respeito dos psicólogos.

Aqui na Academia você vai encontrar várias ferramentas para te ajudar a se posicionar melhor, mas veja desde já este exemplo que publiquei na página do Facebook. Nele eu utilizo a linguagem, durante uma conversa social, para deixar claro o valor que ofereço, despertando curiosidade:

“Durante uma festa, meses atrás, fui apresentado à um jornalista e começamos a conversar sobre assuntos cotidianos. Em certa altura ele perguntou o que eu fazia. Minha resposta bem humorada: “Eu ajudo pessoas a se tornarem mais inteligentes emocionalmente e a aumentarem MUITO seu desempenho no trabalho e na vida.”

“Mas como é isso?” ele perguntou, com cara de surpresa. Daí eu pude falar um pouco sobre minhas atividades e deixar um cartão. Dias depois ele mandou um e-mail cumprimentando por um artigo de que gostou. Talvez aconteça uma entrevista.

Qual sua proposta de valor? Ela está formulada de forma a despertar curiosidade e evidenciar RESULTADOS? Ela instiga as pessoas a desejarem saber mais?

Defina o que você entrega e formule sua proposta. Do contrário, da próxima vez em que te perguntarem você vai dizer: “Sou psicólogo” e ouvir: Ah, legal…”.

Diga o que você faz, não apenas “o que” você é.

2 – Não Diga que Você é uma Autoridade. Prove!

Não é você quem se auto proclama uma autoridade. São os outros que dizem SE você é ou não.

E não é que dizem abertamente. As pessoas simplesmente começam a te citar como referência em algum assunto.

Ser uma autoridade não tem a ver apenas com sua opinião a seu próprio respeito, e sim com a opinião dos outros a seu respeito.

Tem muita gente por aí se gabando e dizendo que é isso e aquilo em determinado campo de atuação, mas quando você começa a investigar a fundo, percebe que é só conversa fiada.

Alguma pessoas, mais ousadas, realmente escrevem em seus sites que são “os caras” em tal área. Fazer isso não é errado, você tem todo o direito de se propagandear. Mas eu não faço e não recomendo.

Veja bem: Se você disser em algum momento que é a autoridade em algum campo de atuação, eu espero que seu conteúdo (site, textos, vídeos, linguagem) realmente evidenciem isto de forma absurda. Do contrário, sua imagem está destruída.

Uma coisa é eu te achar “o cara” sem você dizer nada. Outra coisa é você já começar dizendo e ter que sustentar a afirmação.

Não há nada pior do que  você se achar quando as pessoas não te acham.

Mas então, se você não deve dizer aos quatro cantos que é uma autoridade, qual o caminho para que te percebam assim?

O caminho é impressionar as pessoas constantemente com seu conhecimento. E uma das formas mais interessantes de se fazer isto é usando o marketing de dois passos, um conceito do qual já tratei em outros materiais e vamos aprofundar em breve.

Você tem que mostrar para as pessoas que tem conhecimento, atitude, originalidade e, se puder, bom humor.

É através do conhecimento manifestado que as pessoas começarão a te perceber como uma autoridade (por isso a importância de uma boa linguagem).  Elas começarão aos poucos a procurar informações a seu respeito, indicar você para outras pessoas, acreditar em seus pontos de vista e te eleger como uma fonte ALTAMENTE confiável de informação.

Um exemplo desta estratégia é o que faço neste canal e a página do Facebook. Meu objetivo é construir autoridade. Você está lendo este artigo agora e se estiver realmente gostando e obtendo valor, eu provavelmente estou ganhando pontos com você. Claro, se você não estiver gostando, estou “queimando meu filme”.

Sempre há um risco. Mas empreender é isso mesmo.

3 – Não Tenha Medo de Expressar suas Opiniões

Quanto antes você entender isso, melhor:

Por mais bem intencionado que você seja, algumas pessoas simplesmente não vão gostar de você.

E tem mais: Quanto mais popular você se tornar, mais pessoas que não gostam de você vão aparecer. Elas vão surgir das nuvens, sair de bueiros, brotar da terra, cair das árvores e se erguer das profundezas do mar.

Isto acontece por um motivo simples: Nem todos nós temos as mesmas opiniões e gostos.

Eu, por exemplo, não sei como alguém pode não gostar da banda de Hard Rock AC/DC, mas há quem deteste. Vou fazer o que?

Então é o seguinte:

Quando você começar a se expressar, especialmente se tiver opiniões e ideias que saiam da “cartilha” tradicional, você vai ser alvo de pessoas que pensam diferente. Algumas serão gentis em discordar, outras mais ríspidas e há até quem chegue a te ofender.

E é AQUI que estão dois segredos fundamentais:

  1. O primeiro é: Não se abale. Você não pode atribuir sua segurança e autoestima à opinião das pessoas. Claro que você fará o melhor para agradá-las. Mas se mesmo assim não gostarem, releve. Sempre haverá pessoas te apoiando e é nelas que você deve se concentrar.
  2. E o segundo segredo, tão importante quanto o primeiro: Você jamais deve procurar deliberadamente entrar em confronto com quem te critica. Mas também não deve, nunca, em hipótese alguma, ter medo de dizer o que realmente pensa, ou recuar diante de uma provocação (a não ser que se prove, factualmente, que você estava enganado).

Uma das características mais marcantes das “autoridades” é que elas exalam segurança. Sabem do que estão falando, conhecem o assunto a fundo e sustentam suas posições.

Você deve, de preferência, ser gentil em tudo que fala e escreve, mas sem deixar de ser autêntico. Não escreva ou fale com o objetivo de ser “gostado” simplesmente. É claro que você quer que as pessoas gostem de você, mas não a ponto de deixar suas convicções e seu estilo de lado.

Por várias vezes, em minha página do Facebook, recebi duras críticas por expor alguns pontos de vista pouco tradicionais. Embora eu as tenha respondido com educação, em NENHUM momento busquei alterar minha fala só pra “não desagradar” quem criticou. Já cometi enganos também, mas sempre os reconheci quando foram factualmente provados.

Eu não me importo com discordâncias. Pra falar a verdade, até gosto. Muitas vezes me dão oportunidade de esclarecer alguns pontos.

Veja este exemplo aqui, no qual deliberadamente postei no Facebook parte de uma discussão com uma leitora. Perceba que não a ofendi, mas fui muito seco, firme, e embasado em minha resposta. Há quem veja maldade e oportunismo em tudo:

Aqui está a CRÍTICA que recebi de uma leitora sobre o interesse de psicólogos em “aumentar muito” o número de clientes:

“Aumentar MUITO o número de clientes”? No meu entendimento aumentar MUITO o número de clientes significa uma sociedade psiquicamente em sofrimento e isso é de lamentar….. é de lamentar tb se os profissionais da área quiserem aumentar mto seus clientes pois indica um falta de interesse real pela saúde da população…. minha pergunta: como vcs vêem o trabalho do psicólogo na prevenção da saúde mental? Existem frentes de trabalho preventivas?

Aqui está a RESPOSTA que dei:

“Não se trata disso, psicólogos não são apenas para quem está em sofrimento psíquico. São para pessoas que querem se desenvolver emocionalmente. O trabalho do psicólogo é igual ao dos personal trainers, de desenvolver a saúde.

Aumentar clientes não significa falta de interesse, pelo contrário, significa educar as pessoas para buscarem desenvolvimento emocional em vez de gastarem exageradamente com Iphones, roupas, drogas, baladas, bebidas e outros supérfluos mais.

A frente de trabalho preventiva é justamente adquirir o hábito de fazer higiene mental com um profissional especializado para isto.

Por acaso alguém precisa estar doente pra cuidar da saúde do corpo? Mais gente na academia geralmente significa menos gente no hospital. Por que seria diferente com a mente e as emoções?

A visão de que psicólogos são apenas pra pessoas com sofrimento psíquico é do século XX. Médicos, dentistas, educadores físicos, psicólogos, trabalham com promoção de saúde. Claro que vão ajudar a quem está sofrendo, mas a essência do trabalho é exatamente prevenir e desenvolver.

Se muito mais pessoas entendessem e procurassem os serviços dos psicólogos o mundo estaria bem melhor. A frente de trabalho preventiva é ir ao terapeuta ANTES de adoecer, e não depois que se está destruído, como a maioria faz.

Abraços”.

Seja transparente, seguro e eventualmente um pouco ousado em suas colocações. Alguns vão te detestar, outros vão te adorar, mas cá entre nós: as duas opções são BEM melhores do que a indiferença.

 Resumo da Ópera

Transformar-se numa autoridade em sua área de conhecimento é a melhor coisa que você pode fazer para obter sucesso como psicólogo.

A maior parte de seus esforços deve se concentrar em construir reputação. O segredo é fazer com que as pessoas comecem a falar de você umas para as outras até o ponto em que você passe a ser naturalmente “a primeira escolha” quando determinado assunto for citado.

Há muitos passos a serem dados e o caminho pelo reconhecimento é longo. Mas três pontos importantes são:

  • Não tenha um rótulo, tenha uma missão: Deixe as pessoas saberem, de forma clara e transparente, o que você melhora na vida delas. Se você se posicionar simplesmente como psicólogo, não vai chamar muita atenção de seu público alvo.
  • Não diga que é uma autoridade, prove: Conquiste respeito através do conhecimento que você manifesta. Você deve ser capaz de demonstrar poder de fogo intelectual quando emite suas opiniões.
  • Não tenha medo de expressar suas opiniões: Mesmo que às vezes sejam pouco convencionais, desde que esteja embasado, você deve se expressar sem medo de ser “julgado” pelas outras pessoas. Não seja arrogante, mas também não mude seu comportamento só para parecer simpático.

Embora o assunto seja denso e o aprendizado longo, estes pequenos passos já podem te ajudar a entrar na trilha certa para conseguir respeito, reputação e, claro, muito mais clientes.

Até mais.

AUTOR

BRUNO SOALHEIRO

Desde 2003, quando se graduou em Psicologia, aborreceu-se com o fato de o curso não enfatizar nenhum aspecto mercadológico da profissão, o que fazia com que a maioria dos psicólogos acabasse tendo que abandonar a carreira ainda no início.

Um belo dia, em 2014, após 11 anos de experiência no mundo das organizações, trabalhando em multinacionais e como consultor, decidiu fazer algo sobre aquele “incômodo” do passado, e começou um projeto que tem como missão transformar a maneira como a sociedade percebe e consome os serviços de Psicologia no Brasil e no mundo.

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