Depois do planejamento, o que vem?

Temos reforçado a importância do planejamento para a carreira dos psicólogos. Trouxemos uma série de reflexões, ferramentas e até mesmo tutoriais de como fazer algumas ações. Mas um planejamento sem ação é um planejamento manco! É como um avião com uma só asa! Não se sustenta, não decola!

A essência de um planejamento bem feito é nos lançar para fazer algo que não estamos preparados no momento para realizar, é nos projetar num salto entre o estado atual e o estado desejado (muito mais avançado que o primeiro, claro).

Ou seja, se for para ficar na mesma, para quê planejar?

Daí, chegamos naquele ponto: depois de planejar, o que vem?

Vem a execução do planejado! Vem a mão na massa! E esse é um momento em que muitos psicólogos com quem trabalho se destacam brilhantemente, colocando seus negócios em novos patamares de resultados, visibilidade, alcance e faturamento.

Mas, por outro lado, um grande número de profissionais derrapa e perde o rumo. Não conseguem colocar o planejado para funcionar, se frustram, partem para novas ideias ou mesmo desistem do planejamento, com pensamentos do tipo “isso não é pra mim” ou “planejamento e psicologia não funcionam juntos”.

Dessa forma, culpamos a ferramenta, mas não damos uma olhada onde o problema realmente está: nós mesmos!

E se tem uma coisa que atrapalha para valer os negócios dos psicólogos e psicólogas com que converso é o MEDO.

Como o medo atrapalha a sua carreira

Medo de não ser bom o bastante, medo de fracassar, medo do julgamento, medo do sucesso (Sim! Por mais incrível que pareça!), medo do CRP…

O medo é um sentimento comum a todos nós e tem um papel fundamental na nossa sobrevivência. Quem de nós nunca se livrou de uma roubada por causa do medo?

Mas, por outro lado, o medo pode paralisar, impedir que desfrutemos mais e melhor da vida, das relações, das oportunidades de trabalho e negócios.

Sou adepto e incentivador de esportes de aventura. Sempre que possível, tiro um tempo para o contato com a natureza e para desafiar a zona de conforto. Pratico mergulho autônomo, trekking, montanhismo e ciclismo. Paraquedismo, voo livre e novas modalidades de mergulho estão no radar para próximas experiências. Isso me leva a conhecer lugares e pessoas incríveis, me desafia física e emocionalmente e me inspira a compartilhar vivências fascinantes.

E o medo sempre nos acompanha nessas atividades, afinal estamos num ambiente estranho, seja na altura de um rapel ou na profundidade do mar em um mergulho. E nestes momentos, o medo se torna um aliado, pois, sem ele, a possibilidade de cometermos erros fatais – literalmente – aumenta muito.

Mas, não nos permitimos imobilizar. O medo anda conosco, não nos paralisa! Para isso, precisamos conhecê-lo, entendê-lo e controlá-lo.

O medo é um sentimento, e como tal, muitas vezes é infundado, muito mais ligado ao imaginário do que ao real.

E um erro comum é acreditar que para vencermos o MEDO precisamos de CORAGEM. Não acredito que a coragem é a melhor vacina contra o medo, e te explico porque:

Sentimentos são enganadores, pois várias vezes nos fazem cegos aos fatos. Da mesma forma que o medo é um sentimento, a coragem também o é. E pode sofrer as mesmas deformidades! Assim como o medo infundado ou mal resolvido pode paralisar e impedir o desenvolvimento, a coragem desconecta da realidade pode nos levar a decisões precipitadas, erros de julgamento, prejuízos financeiros e estragos na carreira.

Por isso, para se vacinar contra o medo, a coragem não é o melhor remédio!

O melhor remédio contra o medo é a informação

Por outro lado, a informação é extremamente eficaz para fazer com que o medo deixe de ser paralisante.

Voltemos aos esportes de aventura.

Para se fazer uma atividade de montanhismo, como a escalada ou o rapel, passamos por várias horas de curso e treinamento.  Aprendemos sobre os equipamentos, técnicas, segurança, uso de proteções, condições ideais de clima, além de várias outras informações. Quando vamos para a execução, o treinador está lá, dando informação: “coloque o pé assim”, “sua mão direita tem que ficar aqui”.

O próprio exercício do esporte te faz absorver, praticar e avaliar continuamente a informação. O medo está lá, mas contido pela informação!

No mergulho, acontece o mesmo. Antes de “cair na água”, passam-se muitas horas de informação, com especial ênfase na segurança antes, durante e depois do mergulho. Os primeiros são complicados, toda aquela informação sendo colocada em prática até atrapalha para “curtir” a aventura. Mas, praticando mais vezes, vai ficando cada vez melhor e proveitoso. É uma experiência fantástica!

Empreender em qualquer campo é uma aventura! Em psicologia também! E uma aventura só é aventura mesmo quando saímos de nossa zona de conforto. Quando nos desafiamos ao novo, quando vamos em busca do que nos realiza, quando exploramos novos campos e formas de trabalho. E isso dá MEDO.

Que bom que é assim! Faz parte do fato de sermos humanos. Só que, se o medo nos paralisar, desfrutaremos de maneira limitada o que a vida e a carreira podem nos oferecer, colheremos poucos frutos, alcançaremos (e ajudaremos) poucas pessoas. Mas, achar que vamos vencer esse medo com coragem é trocar seis por meia dúzia.

Precisamos é de INFORMAÇÃO!

E informação que se preze é baseada em dados, fatos e evidências! Pesquisa, ferramentas de coleta de dados, amostragem, simulações, números concretos, estatísticas.

  • Informação sobre nós mesmos: o que queremos, como queremos, por que queremos, quando queremos alcançar. Em que somos bons? Em que precisamos melhorar? O que as pessoas pensam de nós e do nosso trabalho? Como está seu nível de informação de você mesmo? É informação ou é “achismo”?
  • Informação sobre nosso meio: onde estamos, para onde vamos? Dados geográficos, culturais, populacionais, acessibilidade e o que mais for importante.
  • Informação sobre seu cliente: quem é seu público alvo? A que gênero, faixa etária e renda ele pertence? Quais suas tendências/preferências de consumo? O que ele espera ganhar com seu serviço? O que ele mais precisa?
  • Informação sobre sua “entrega”: Como o seu serviço vai chegar ao seu cliente? Quais formas/modalidades de trabalho você empregará? Outras pessoas fazem o mesmo que você? Como elas fazem? Como sua comunicação será feita para alcançar seu cliente?

Estes são apenas alguns exemplos de informações que precisamos coletar para empreender.

Vejam que é muita coisa a ser feita. Não tem espaço na agenda para ter medo! Focamos em ações, estratégias, dados e análises, não em sentimentos. Recheando nossos projetos com informações de qualidade, conseguimos engrenar o planejamento e a execução!

Engrenando a execução

Vamos dar um exemplo mais claro, utilizando uma ferramenta que já trouxemos aqui no canal, a MATRIZ SWOT (clique aqui se você ainda não leu esse artigo).

Nela, fazemos a análise de cenários: o cenário interno, ou seja, aquilo que está diretamente ligado a suas ações e responsabilidades, com as forças e fragilidades; e o cenário externo, fatores que não estão sob sua influência direta, com as oportunidades e ameaças.

Montamos um quadro, com a seguinte configuração:

Determinados os itens de maior peso em cada campo, passamos à execução de um plano de ação focado em:

  1. Potencializar a maior força de todas;
  2. Contingenciar a fragilidade que mais compromete;
  3. Neutralizar a maior ameaça e
  4. Aproveitar a oportunidade que não podemos perder de jeito nenhum.

A prioridade deve ser dada àquele aspecto que, dentre outros:

  • Permita que o plano de ação possa ser realizado no menor prazo, com os recursos que você já tiver à mão ou com o menor investimento possível;
  • Representar um risco iminente ao seu negócio, principalmente no tocante à reputação;
  • Representar um entrave ao crescimento do negócio;
  • Representar uma oportunidade única, que se for perdida retardará seu negócio irremediavelmente.

Para a execução, aplicaremos outra Matriz, a 5W2H:

O 5W2H é uma metodologia que nos direciona à ação uma vez que tenhamos um ponto de partida, como, por exemplo, potencializar sua principal força levantada no SWOT.

Um grande problema que as pessoas enfrentam ao fazer o planejamento é a falta de clareza e especificidade daquilo que pretendem, algo que a matriz 5W2H elimina. Por ser  uma fórmula importada dos EUA, significa 5 W: What (o que será feito?) – Why (por que será feito?) – Where (onde será feito?) – When (quando?) – Who (por quem será feito?) 2H: How (como será feito?) – How much (quanto vai custar?).

Ou seja, é uma metodologia cuja base são as respostas para estas sete perguntas essenciais. Com estas respostas em mãos, você terá um mapa de atividades que vai te ajudar a seguir todos os passos relativos a um projeto, meta ou negócio, de forma a tornar a execução muito mais clara e efetiva.

Sua composição pode ser feita numa tabela simples, que facilmente permite a visualização de cada aspecto:

Exemplificando:

Elaborei um plano de ação com uma cliente no Rio de Janeiro, cujo faturamento era muito ruim.

Ao fazer a SWOT, identificamos que um entrave para a melhoria do faturamento era o setting terapêutico, que não tinha ar condicionado, o que limitaria o alcance dos clientes mais exigentes (e que pagam melhor também).

Passamos à ação, da seguinte forma:

Com esse plano, em 40 dias o novo setting foi encontrado.

Planejamento e execução de mãos dadas!

Concluindo:

  • Executar é parte do planejamento. Sem essa etapa, temos certeza que o planejamento não foi bem feito.
  • Mas isso não torna a execução algo fácil de ser feito.
  • A execução é normalmente atrapalhada por alguns fatores, tais como os estados emocionais negativos, a zona de conforto e a influência de quem está à nossa volta.
  • Combinar ferramentas de planejamento e de execução – tal como a Matriz SWOT com a 5W2H é a forma mais eficaz de tirarmos os planos do papel.

Espero que esse artigo possa contribuir com mais recursos para que você planeje sua carreira.

Sucesso!

Com mais de 20 anos de experiência na gestão de Equipes e Processos Organizacionais, Pedro Paulo de Souza é consultor Organizacional e Psicólogo, com formação em Coaching e Empreendedorismo pelo EMPRETEC/ SEBRAE.

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