Dentre as ferramentas que podem ser utilizadas para realização de Avaliação Psicológica, a observação é uma delas. Parece simples, mas é necessário um treino para transformar o que você vê em um comportamento mensurável e passível de análise.

Observação é analisar, enxergar e pesquisar de forma cautelosa.

É importante ter em mente, que uma Avaliação Psicológica é como uma pesquisa sobre o indivíduo que esta sendo avaliado e, assim, é necessário utilizar várias ferramentas com o objetivo de levantar informações. A observação é uma destas ferramentas. É um método aberto, sem a necessidade de instrumentos físicos e do qual não existe um passo a passo delimitado.

Mas, é também a primeira ferramenta que os psicólogos aprendem a utilizar. E, pode ser utilizada em qualquer contexto profissional.

A Neutralidade Profissional

Um ponto importante, é que a observação demanda muito treino, isto porque é a partir deste que é possível diferenciar com exatidão e clareza quais informações estão sendo coletadas, sem a interferência do observador em questão. A neutralidade profissional aqui é de extrema importância, por isso a necessidade de um treino pontual.

Que tal um exemplo da importância da neutralidade dentro da observação?

Segue uma história que não é real, mas que poderia ser: Em uma situação, é observada uma mulher parada e, logo depois, chega um homem que fica feliz ao vê-la. São amigos de longa data que não se viam há muito tempo. Assim, ele fica feliz com o reencontro, a fim de se aproximar dela, coloca a mão no ombro da mulher e logo após se abraçam e vão embora cada um com seu caminho com a promessa de se reencontrarem em breve.

Esta é a cena.

Mas, vamos supor que quem observa esta cena é uma pessoa que foi abusada durante anos pelo marido e este quando ia abusar dela colocava a mão exatamente no ombro dela. Qual será a interpretação dela sobre esta cena? Provavelmente que o homem iria abusar da mulher, e não incomum isto poderia trazer um mal estar para a observadora, e sentimentos ruins.

Por isso a importância de haver um treino, para que não haja conclusões precipitadas, para que a individualidade do observador fique o mais afastado possível e que não haja inferências sobre esta ferramenta.

Tornar mensurável o comportamento observado somente é possível com um mínimo de neutralidade.

Então antes de qualquer conclusão treine seu olhar, sua observação e análise.

Treinando o olhar

Para te ajudar, aqui estão alguns pontos para você treinar seu olhar, e observar em seus clientes:

ATENÇÃO

Quando você vai observar o nível de atenção do examinando, é interessante focar o olhar para a capacidade de concentração, como ele reage a atividades que exigem atenção, se há uma inquietude ou não do corpo durante tais atividades e como ele lida com determinados estímulos que exigem atenção.

SENSO PERCEPÇÃO

É interessante você observar se o examinando consegue imaginar enquanto você retrata alguma situação ou se ele fica flutuante. Em caso de atendimento infantil, seria o caso de pedir para a criança desenhar uma situação em que você fale para ela, inclusive repetir uma situação que esta trouxe, para que ela desenhe.

CONSCIÊNCIA

Você pode observar se o examinando tem clareza sobre o que acontece a sua volta e sobre si.

ORIENTAÇÃO

Você pode observar se o examinando consegue relacionar a si mesmo com o ambiente, se sabe por que está ali e o que está fazendo neste espaço.

MEMÓRIA

Observar se consegue memorizar pequenas e grandes informações e estímulos, reter, relembrar e reconhecer estes a partir de perguntas ou jogos. Uma dica seria utilizar jogos de memória para observação do mesmo ou até mesmo repetir propositalmente algumas falas do examinando para percepção se este recorda o que disse.

PENSAMENTO

Observar se tem a capacidade de manter um assunto e fala de maneira coesa com o contexto. Raciocinar, elaborar e articular sobre assuntos e manter a linha de pensamento sem se perder.

LINGUAGEM

Observar se há uma conexão entre palavras faladas, expressão corporal e tom de voz.

AFETIVIDADE

Observar a reação do examinando a diferentes emoções e sentimentos. Como é a expressão corporal com determinados assuntos afetivos também é interessante e de grande auxílio.

CONDUTA

Observar como o examinando se comporta em diferentes situações e estímulos.

APARÊNCIA

Observar se o examinando carece de higiene pessoal, cuidados físicos (não está machucado, por exemplo), como se veste e como aparenta.

ÁREA SENSORIAL E MOTORA

Observar se há respostas para estímulos visuais, auditivos e corporais.

“Apenas” um guia

Este é um guia para treinar e aperfeiçoar a prática da observação. Mas, como mencionado no início, não existe nada delimitado ou engessado no uso desta ferramenta.

Então, sinta-se a vontade para incluir ou excluir itens neste pequeno check list de acordo com sua prática, demanda do examinando ou necessidade profissional. Afinal, ser psicólogo é ser também flexível em sua prática para atender as demandas individuais em cada atividade profissional.

Espero que este artigo tenha ajudado a desenvolver sua habilidade de observação. Se você tem dúvidas, comentários ou sugestões escrevam aqui embaixo para que a gente possa conversar.

Eu sou Tássia Garcia, psicóloga por formação e empreendedora por vocação. Aprendi estudando, errando e praticando que ser Psicóloga é muito mais que eu aprendi na graduação. Atualmente utilizo meus conhecimentos em avaliação psicológica, inovação profissional e a experiência como coach e consultora para auxiliar outros profissionais a se posicionarem no mercado, construir estratégias de marketing e terem maior reconhecimento. Saiba mais em psiboss.com.br

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